As obras da série Toxic Cities – 2017 – avança na pesquisa ainda mais direta com o universo do artista. O que apresento no interior das caixas de acrílico, remetem a uma arquitetura utópica e um tanto assustadora, são bulas de remédio que coleciono desde 1999, remédios de uso próprio ou coletados em parceria com hospitais psiquiátricos, mantidas em sua dobra original e superpostas uma as outras, as bulas tornam-se praticamente peças de procedimentos construtivos , abstratos. Não eliminam, no entanto, questões que impregnam tal material: de que forma usamos esses medicamentos? Qual o propósito? Trabalhos esses que simultaneamente falam de destruição, anestesia e cura, que partem do particular para elaborar questões fundamentais para a sociedade contemporânea.
Imagens entrecortadas que poluem ou aliviam nosso cotidiano, objetos que simbolizam o desperdício e os anseios vazios, que podem significar conforto ou intoxicação, deleite ou obsessão, que procurei tornar um elemento de releitura plástica que mescla depuração formal e referências paródicas. Uma reflexão que tem um caráter de denúncia do nosso mundo narcísico e alienado, mas também um certo desejo de utopia, um agir na direção da superação e da reconstrução de um mundo mais puro e belo.
Caixa de acrílico cristal transparente de 2mm, com dimensões contendo bulas de remédios.